miércoles, 24 de junio de 2015

O lesbianismo: instruções de uso



Há algo incómodo por motivo de veraz na afirmação de que La vie d'Adèle é, antes que um romance de lésbicas, uma (grande) história de amor. Não em vão, e históricamente, o melodrama e a homosexualidade têm tendido a se repelir, seja por preconceitos homófobos ou, nos últimos tempos, em virtude duma correção política que tem exaltado o arquétipo na mesma medida em que tem esfumado o indivíduo. Seja como for, isso se manifestou na ausência na «cinematografia guei» (já veem que o digo com prevenção) de casais à maneira do Rick e a Ilsa, o Denys e a Karen ou  o Laszlo e a Katharine. Se o filme do Abdellatif Kechiche supõe um ponto final, deve-se, de certa forma, a que imbui o espectador do anelo, tão feroz como prazenteiro, de que o amor da Adèle e a Emma sobreviva aos títulos de crédito. Trata-se do mesmo sonho que nos leva a suspirar por que o Rick suba ao avião, sem que importe demais que seja a quinquagésima vez que vejamos Casablanca.

Mas assim mesmo, o dia em que fui ver o filme apreciei como, entre uma ação de gemicar ou outra, abria passagem um reclamo burlesco, o típico estalo com que os críticos existencialistas costumam lavrar ata dum detalhe trivial e crucial, qual punheteiros dando gosto à sua perspicácia. Mas a nota de incredulidade não provinha de nenhum Anton Ego, senão de três mulheres que se sentavam quatro ou cinco poltronas atrás de mim. Mais que uma fila, pareciam ocupar uma bancada, que é o nome com que, estranhamente, designamos as cadeiras quando os deputados se convertem em turba.

Já em casa, confirmei as minhas suspeitas: algumas das cenas de La vie d'Adèle, particularmente as de sexo explícito receberam a preceptiva estopa do feminismo radical, sintagma que começa a ser um mero preâmbulo do pleonasmo. Segundo esta corrente de opinião, a relação entre a Adèle e a Emma não era o suficientemente «lésbica»; parecia lésbica, sim, mas não era mais do que um remédio do «auténtico lesbianismo». Tratava-se, enfim, dum artifício ideado para alegrar a vista dos homens heterosexuais (o cerco ia se fechando perigrosamente ao meu redor e dos da minha laia). As lésbicas, insistiam, não nos amamos assim; essas contorções são inverossímis, impróprias da nossa tribo. E, com certeza, nenhuma de nós, quem sabe, alcançou o orgasmo com esfregações como se vê no filme.

Na minha tenra infância ouvi falar do «mito do orgasmo vaginal» e mesmo da imperiosa, quase libertadora necessidade de repudiar a penetração, pois era a prova de que o capitalismo, tão protéico nas suas formas de perpetuação, se apoderara da tua cama. Noutras palavras: aquilo que tu crias um ato de amor era em verdade um engrenagem de transmissão ecológica, uma forma de escorar o sistema, e assim até o temor alucinado e plausível de que cada vez que arremetias contra o sexo da tua namorada morria um negrinho no Sudão, se extinguia uma tribo no Amazonas ou desaparecia uma língua minoritária da vertente norte dum atol do Pacífico. E claro, assim não havia maneira de foder. Nunca tive a menor dúvida de que, entre os ativistas de esquerda, a assunção destes mandamentos eram um mero postureio (nunca mais bem dito!), um tipo de kama sutra espetral polo que todo homem, máxime se se prezava de «novo», tinha que se reger.

Não ignorava, enfim, que se o catolicismo inventou o petting o comunismo o refinou até o indizível, mas o que querem, já não cria provável uma imersão (linguística, sim, todas o são) como a do outro dia, em que o sexo (um sexo esplendoroso, furtivo, celestial) era de novo intercetado numa alfândega.

Mas eu vinha lhes falar doutra coisa, como já começa a ser a minha sina. Eu vinha exaltar a tonificadora francesia deste filme. Não somente porque os seus personagens falem, que também, senão porque os seus personagens leem, e o fazem, ademais, apressados por uma instrução cívica, personificada na delicadíssima careta com que a Adèle, mestra de pré-escolar, vai embridando as tarefas dos seus alunos. Porque nessa leitura gagueada e luminosa adeja o contentamento de viver. Porque, como se usa na pátria de Cahiers, as amantes se beijam a principio e depois já vai tudo de vento em popa, uma crónica aprazível do «durante» e do «depois». E porque o padrastro da Emma costuma cozinhar amortalhando a impaciência com um copo de vinho, como de costume na minha casa.

O professor Santiago Navajas escreveu uma admirável crítica do filme; havia dias que o esperava, pois estava convencido de que não havia melhor vitrina para evidenciar as costuras de La vie d'Adèle que o seu blogue, Cine y política. O grande borrão do seu artigo, contudo, não é que considere que se trata dum filme mediocre, senão este parágrafo:

La tesis de que una mayor apertura intelectual, sea literaria o artística, lleva a una mayor tolerancia moral en cuanto que se está menos sometido a los clichés, por una parte, mientras que se amplía el ámbito de las vivencias imaginarias, por otro, es un buen argumento que el director envuelve torpemente en un bulgar drama pequeño burgués.

Essa tese está soberbamente desenvolvida, porque são precisamente as dificultades da Adèle (e isso, em que pese a ser uma mulher com «inquietudes») para simpatizar com os amigos intelectuais da sua namorada o que termina por afogar a relação. A cultura, sugere o filme, é um dique, ora fantasiado de mirante, ora de quebra-mar, mas dique ao fim e ao cabo; uma pértiga que nos lança polos ares e se acaba quebrando no último minuto para nos furtar o porvir.

Queria dizer isso, sim; quando menos, essa era a ideia que aquela tarde, na penumbra da sala, começara a amassar. Até que essas três graças se enfronharam o traje de policia. E não precisamente para emularem Village People.


viernes, 12 de junio de 2015

Portugal y la UE; una jornada, un suceso, un futuro

Portugal celebró su día nacional, Día de Camões y de las Comunidades Portuguesas, anteayer. Hoy, señalamos el trigésimo aniversario de la firma de adhesión de Portugal y de España a la Comunidad Económica Europea. Después de mañana, conmemoramos el trigésimo aniversario de la firma del Tratado de Schengen.

Los aniversarios y las celebraciones pueden, ocasionalmente, parecer fuera de lugar, repetitivos y, para algunos, sin particular relevancia. Los más jóvenes pueden incluso cuestionar su propósito, y su origen causarles alguna perplejidad. Pero ahora, más que nunca, es necesario hacer una pausa y reflexionar sobre nuestra identidad, historia y futuro compartidos.

Existe efectivamente un hilo conductor que une todas estas efemérides y que es de gran relevancia para Portugal y para sus relaciones con la Unión Europea: los aniversarios nos recuerdan la curiosidad, la impasibilidad y la libertad que constituyen la base del pasado y del futuro de Portugal. Tal como Camões, que con su vida intrépida y con su pluma delimitó y diseñó incluso un sentido de nacionalidad para todos los portugueses, la libertad de circulación instituida por el Tratado de Schengen y la pertenencia a la Unión Europea, evocan el apego de los portugueses por la libertad de circulación en detrimento de las fronteras.

Desde la Revolución de los Claveles hasta el Tratado de Lisboa, la relación entre la Unión Europea y Portugal ha sido recíprocamente enriquecedora. El camino de Portugal en dirección a la Comunidad Económica Europea contribuyó en plasmar y substantivar las políticas tendentes a la adhesión; propició orientación a las reformas económicas, transformó el edificio social de Portugal, a través de inversión, fondos regionales y de investigación, legislación europea, acceso al mercado común y de las cuatro libertades que subyacen a las de la Unión Europea.

Podríamos mirar todo tipo de datos probatorios de los beneficios de la permanencia de Portugal a la Unión Europea: según la OCDE, en los últimos treinta años, el PIB se ha cuadruplicado, la esperanza de vida se ha aproximado a la de las economías más pujantes y los niveles de educación continúan creciendo sustentadamente, teniendo en cuenta que la población con formación superior se ha duplicado, en relación al año 2000. Los derechos por los cuales han peleado los portugueses —y que la pertenencia a la Unión Europea ha reforzado— no son cuantificables, pero ni por eso menos valiosos.

Es innegable que en los 30 años de pertenencia a la Unión Europea ha habido problemas. Los ciudadanos portugueses son los que mejor lo saben. Portugal atravesó y salió del programa de asistencia de la troika, de setenta y ocho mil millones de euros, con pesados costes económicos y sociales. Las familias y los portugueses han soportado los sacrificios con dignidad.

Unidos, hemos conseguido escudarnos ante la amenaza sobre nuestra moneda única y evitar el colapso de nuestras economías; hemos introducido reformas importantes a nuestra gobernanza económica y supervisión financiera. Pero subsisten cuestiones cruciales que nos interpelan: ¿hemos sacado enseñanzas de la crisis? ¿Cuáles son los próximos pasos para la Unión Europea y para Portugal? ¿Tenemos lo que es necesario para pasar de una recuperación frágil a la recuperación del empleo?

Portugal y la Unión Europea atraviesan tiempos inciertos. La volatilidad en la economía y en la escena internacional, los desgastadores debates sobre Grexit y Brexit (la salida de Grecia y del Reino Unido de la UE), hacen vulnerable a toda la Unión Europea. El ritmo de la creación de empleo continúa lento. Uno de cada diez ciudadanos de la UE está desempleado y el problema es particularmente grave para nuestros jóvenes. Los ciudadanos, las empresas y los inversores necesitan certezas para estimular la búsqueda y la inversión. Pero, incluso en este escenario de incerteza, los ciudadanos portugueses no cuestionan la validez del proyecto europeo: sí cuestionan su actuación y sentido de la justicia.

Durante la crisis, la Unión Europea ha estado agonizante. No estábamos preparados para la crisis y tuvimos que construir los instrumentos necesarios para combatirla en plena tempestad. Así y todo, nos faltó un sentido claro de dirección, dado que nuestro primer objetivo era mantenernos en la superficie.

Para salir definitivamente de la crisis, Europa necesita actuar de forma decisiva, con un plano para fortalecerse, en sus políticas internas como externas. Como un navegador portugués en alta mar, después de arreglar su barco destrozado, necesitamos ahora redefinir nuestra ruta con poder de decisión, liderazgo y coraje. Más que nunca, Europa necesita capacidad de proeza de Portugal para continuar su jornada.


Ironía suprema

Cuando yo yera un tiernu infante gafotes con problemes d'adautación social que se vía a sí mesmu como la versión parvularia de Peter Parker —anque les mios facultaes arácnides se reduxeren a pulsiar una sustancia más pellizo y pegañoso que les redes de Spidey—, los tebeos yeren una llectura dirixío esclusivamente a los ñeños empollones y a los adolescentes inmaduros. A un respetable cabeza de familia con bigote y Talbot Simca nin se-y ocurría perder el tiempu colos monólogos ensin sabor de Tintin, los defeutos llingüísticos de The Hulk, los recurrentes gags de Mortadelo y les obvies deducciones de Batman. Nun se concebía naquellos maraviyosos años postdictatoriales un cómic dignu de tal nome destináu a esquisitos paladares adultos, escepto aquel tipu d'historietes de terrar, fantasía y anticipación científico convertíos, pola so abonda ufierta d'abondantes cimarrones semidesnudes, nún casu amañosu pa entregase al onanismu. O aquelles socesiones de chistes ilustraos que nun diben más allá de la sátira política más ramplona o del costumismu picante más rixoso. Entá menos se-y pasaba pela cabeza a naide, neses feches de vagamundia editorial y nulu procuru pol entretenimientu prepúber, la posibilidá d'alcontrar nel quioscu habitual nún cómic protagonizáu por Superman que, respetando escrupulosamente les convenciones xenétiques, la predisposición infantil a asolombrase de les maraviyes y les restricciones moxigates de la Lliga pola Decencia y les Bones Costumes de les Inflexibles Madres Capadores, fuera al mesmu tempu una publicación p'adultos, ye dicir, pa frustraes persones endeudables, qu'estes pudieren lleer con arguyu y provechu ensin necesidá d'amazcaralo ente les fueyes d'una prestixosa revista pornográfica. Esta aparente imposibilidá conceutual ye la que fixo realidá nos años noventa'l siempre atrevíu Alan Moore al convertir un simple encargu alimenticiu con miserables esperances de llucimientu nuna brillante y fonda renovación d'un tal Supreme, un vulgar plaxu hiperviolentu de Superman pasáu de vueltes y d'esteroides.

Alan Moore, como sabe tou trentenu qu'entá simule cola voz el zumbíu d'un sable láser, ye esi inglés barbudu y estravagante con pinta de magu medieval o de flauteru de Jehro Tull que dende fai años ye reconocíu como'l guionista más inxeniosu, imaxinativu y respetuosu cola enrevesgada tradición de los xusticieros superdotaos y ensin sentíu del ridículu, anque tamién abordara con ésitu otros subxéneros xuveniles igual d'absurdos. Na densa y complexa miniserie Watchmen, la so obra más conocida y llograda, na que narra la misteriosa manera de combalachar que tien llugar núna dexenerada ucronía, na que l'aversión y desconfianza ciudadanos ficieron del proteutor heroicu un marxináu indeseable, llevó'l realismu puerco, la intriga xeopolítico y la téunica del leitmotiv simbólico al comic book col propósitu d'acometer un desmontaxe sistemáticu de los superhéroes y una evaluación lliteraria del subxéneru. A traviés del sesudu análisis d'un estrambóticu grupu d'aventureros démodés y xusticieros ensin poderes, compuestu por dellos complexos individuos coles mesmes debilidaes, dobleces y baxeces que cualquier fíu de vecín, integráu por grotesques y turbies versiones de ciertos arquetipos superheroicos (como'l toupoderosu y trescendente semidiós, l'axente gubernamental clandestín, el xeniu megalómanu con gaznaches mesiánicos, l'intransixente castigador caleyeru, el reaicionariu defensor patrióticu, el nocherniegu inventor de gadgets...) pasaos pela máquina pa esmagayar patolóxica del sadismu, la sicopatía, el narcisismu, l'autismu, la paranoya y la inmadurez, too ello sostenío pol emocionante pulsu narrativo del escritor, sacudió y derribó les tresnochaes certidumes y les infecundes inercies con qu'entá se siguíen produciendo los acartonaos cómics de la época. Esta humanización debilitadoro del héroe coincidió cola análoga empresa que deshonra de Frank Miller cola so sombría recreación d'un Batman agriu y fascistoide, d'un detective nocherniegu tan cansáu, decadente y amoral como la corrupta civilización preapocalíptica que-y rodia asfixantemente, representáu como un cincuentón retiráu y furiosu, inadautáu a los nuevos tiempos, que renaz a l'aición col xabacismu y la sede de venganza d'una bestia mancada y perseguida. Magar l'ambigüedá y la violencia del personaxe y a pesar del llamentable estáu xeriátrico de los sos enemigos –que regresen a l'aición como si espertaren de la so pabana atrayíos naturalmente pola postrera entrada del héroe—, Miller consiguió devolver al aveyecíu campeón l'alientu llexendario que-y abandonara y ufrió un fermosu tonu épico-elexíacu a les sos últimes fazañes.

El revolucionariu procedimientu siguíu polos dos autores y que probablemente resulte más enfáticu nel casu de Moore, consistió n'inaugurar una rellectura postmoderna, ye dicir, irónica y paródicamente alloñada, de los modelos que de forma consciente se propunxeron repensar y revivir dende'l puntu de vista d'un filósofu de la sospecha. Tres esta deconstrucción ochentena y con oxíxenu —pero tamién repletada de potenciales peligros— de la figura del héroe popular de consumu, el xéneru paeció entrar nún caellón ensin salida nel que cada vez brotaben parodies más cómodes, superflues y solipsistes d'estes parodies orixinales, convertíes agora n'idees canses y en fórmules comerciales ensin capacidá rexeneradoro. L'universu superheroicu yá nun podía ser igual qu'antes del xiru nihilista, que reconvirtió al héroe clásicu nún cínicu introvertíu, lacónicu, contundente y poco de fiar y que amargó, desorientó, desanimó y atronó les almes qu'hasta entós fueren pures, nidies, equilibraes, resueltes, nobles ya inocentes. Pero tampoco-y taba permitíu siguir transitando per esa estéril sienda redundante que solo conducía a la risible autodestrucción de les fuercies del bien. Cómo mantener la inevitable distancia postmoderno ensin disolver les más valioses cualidaes positives del subxéneru foi la dilema esencial al que s'enfrentaron y respondieron los más valientes y talentosos maestros del ramu, los autores que nos últimos años escribieron títulos tan singulares como Astro City, The New Frontier, The Authority, Planetary, Hitman, Tom Strong, Top 10 y The League of Extraordinary Gentlemen, por citar únicamente les obres que demostraron ser más sólides y redondes.

El Supreme de Moore ye una más d'estes esitoses retentatives de superación del colapsu escépticu. Trátase d'una pura y deliciosa prestancia qu'esconde baxo la so axugadora y llixera apariencia, un complexu estremáu metaxenéricu que llevará a los aficionaos más veteranos, como toes estes obres citaes que vuelven a creyer críticamente nos prodixos, a alcanzar intenses cotes d'un recobráu prestar infantil ensin esixi-yos moderación dalguno del potencial del so intelectu nin suspensión provisional de los sos conocimientos. El proyeutu fúndase nel inofensivu propósitu inicial del autor de llendase n'esclusiva al so propiu disfrute despreocupao y a la pura gayola del llector avezáu. Pa salvar dende'l presente esti gociu escapista perdío o degradao, imaxina una historia actual de Superman a la manera en que se faía na maraviosa Edá de Plata, cuando inclusive la idea más esbarriada alcontraba cabida nunes viñetes trescalaes d'un arramplador espíritu desenfadao; pero agregando a esta xera señardosa la importante novedá que supón interponer ente les antigües y les nueves formes d'espresión la imprescindible mediación cultural, historicista, comparatista y superconsciente propia d'una contemporánea. Moore convoca nas sos páxines al gran iconu superheroicu por escelencia, el noble grandullón inofensivu y toupoderosu, al que solo-y afeuta una estraña y fantástica sustancia que s'alcontra en pequeñes dosis nel universu, xunto a la estrafalaria comisión y l'ablucante atrezzo que-y acompañaron a lo llargo de la so fértil historia editorial: la so apocada identidá civil secreta, la so inesperta mocedá paleto, la emancipada novia golisquera, el primer amor de pueblu no aviáu, la superpariente sexy, la fiel supermascota, el xenial archienemigu, el refuxu non patecible y llonxanu, la sala de los trofeos imposibles, la humilde granxa natal, la cooperación ocasional col detective nochuerniegu, el superequipu definitivu, el traviesu duendu dimensional, l'alter ego negativo, la grotesca copia defeutuosa, la custodia de la ciudá reducida, la cárcel fantástica ensin escape, etcétera. Una vez axuntaos y llixeramente tresfiguraos los elementos fundamentales del cosmos de Superman, Moore manipúlialos y combina al so antoxu ufriendo al conxuntu un falsu aire d'inxenuidá, pero siempre reordenando les pieces más significatives con sabiduría, pertenencia y afán reveladoro.

El brillante xuegu de recreación metallingüístico nel que se fai entrar a estos arquetipos xenéricos alcanza el so momentu más significativu xusto al comentar la historia, cuando la versión de Supreme al estilu sobremusculáu de los noventa llega, inorando la causa, a una estraña megalópolis asitiada nún puntu determináu d'una dimensión desconocío onde son abandonaes, como nún allocáu llimbu pop, les distintes recreaciones de Supremes que les socesives revisiones editoriales y el desinterés del públicu xoven tornaron remotes. Esa suprema ciudá-pastiche, alzada nún estilu futurista de gran elocuencia, concentra tol imaxinariu pasao de moda del héroe, tanto los más llonxevos aciertos canónicos que tuvieron ésitu nel so día como los más gayasperos y fracasaos esperimentos que se fundieron precipitadamente nel olvidu. Hai que destacar tamién, como otru feliz alcuentru de Moore, la estupenda idea de dir intercalando ente les diverses rames del argumentu principal una serie d'historietes cortes que s'autoconcluyen que contrasten cola manera típicamente noventena de la llinia central, por tar dibuxaes y escrites polos autores imitando intencionadamente los usos formales y temáticos de los cómics de muy distintes y significatives époques anteriores. La imitación non solo ye espléndida sinón que llega a ameyorar los estilos orixinales ensin introducir por ello nengún ingrediente ayenu a la década equivocada, y, pa tou aquelli que de neñu lleera les reediciones d'aneyes aventures de Superman o Batman, la so llectura constituyirá una permanente y gociosa sorpresa. D'esta forma llógrase, a traviés de los vieyos y ficticios episodios narraos mientres estos paréntesis anacrónicos, dotar d'una sólida entidá a la historia que trescurre en presente, ufri-y una fonderada qu'enriquece muy suxerente, evocar un ampliu universu centenariu en realidá inesistente, al mesmu tempu que la vida de Supreme se remite a la de Superman y s'entrellacien los socesos y personaxes coles demás referencies superheroiques que posee'l llector corriente. Esti recomendable títulu menor de Moore, nel que l'autor s'atreve a abordar sutilmente temes tan estraños al cómic como la propia historia del cómic, ye recorríu de principiu a fin por un reparador soplu d'aire fresco, llibre y xiro, como si'l llonxevu héroe del pulp tuviera renaciendo ante los nuesos asolombraos güeyos y tuviéramos la fortuna de tar lleendo per primera vez les sos increyibles aventures. Dalgo asemeyo trataron de facer los autores d'All Star Superman, anque al mío pensar —que contradiz l'hiperbólicu xuiciu de la mayor parte de los fans del home d'aceru— con munchu menor aciertu, complexidá y estratos de llectura que Moore; principalmente porque nesa intelixente y eficaz vuelta a la maxa de los pioneros s'equivocó'l problema de la distancia crítico y la correlativa reflexón metaxenérica. Supreme nun se reduce a la recuperación señardoso del pasáu, lo que lo convertiría nún exerciciu d'estilu retro ensin munchu interés y, dende llueu, d'un valor escaso, sinón que, como esplica'l propiu Moore nunes arrellumantes pallabres, intenta ofrecer "una forma d'enfrentar lo retro a lo contemporáneo", la forma d'encandilar y les rareces de los elegantes cómics primitivos a la puxanza y al estremismu que demanden unos xóvenes acostumaos a les dinámiques formes del manga. Non solo lo intenta sinón que, al mío xuiciu, lo consigue en demasía, pues de nun ser asina nun m'allargare con tal crueldá pa col impaciente llector mediu de reseñes de cómic; esi grosapetu individuu con déficit d'atención y problemes de comprensión llectoro que fantasia con allancase un esqueletu d'adamantium y abusar del cadabre de Gwen Stacy.


miércoles, 3 de junio de 2015

#LaAsturiesdelSÍ y la del sí...: la oficialidad en las elecciones

Izquierda Unida es la única representación este año en la Junta General que no solo apuesta de forma nítida por la oficialidad sino que presenta su programa electoral en lengua asturiana, como ha venido haciendo desde hace tiempo. Andecha Astur, ha venido haciéndolo desde la primera vez que se había presentado a las elecciones y Foro apuesta por la oficialidad aunque con la matización de que se alcance para ello un consenso abundante. El caso más enredado es el de Podemos, que tiene en su programa la oficialidad como derecho fundamental, pero en las declaraciones públicas de sus dirigentes no cuenta lo mismo que en su programa electoral y deja abierta la puerta a la especulación.

Izquierda Unida no deja duda a su postura con respecto a la oficialidad: "en el nuevo Estatuto vamos a establecer de una vez la oficialidad de la lengua asturiana, y de la fala o gallego-asturiano en su ámbito territorial tanto para garantizar el mantenimiento de uno de los más importantes patrimonios culturales de los que gozamos, nuestra lengua, como para reconocer los derechos lingüísticos de los asturianohablantes".

Y en materia de comunicación deja también fijado el compromiso de un presupuesto para la RTPA que sea abundante para garantizar una programación estable y de calidad que cumpla con los objetivos de articular social y territorialmente la comunidad autónoma, "expandiendo al máximo la realidad cultural asturiana, con mención expresa de una programación en asturiano que cohesione la lengua con las miras de la oficialidad".

Izquierda Unida es la más ambiciosa de las formaciones al hacer propuestas en su programa electoral donde defiende "nuestra idea de Asturias como país, de autoestima como pueblo, de la defensa de nuestras señas de identidad, de la protección y fomento de nuestro patrimonio cultural, del reconocimiento de nuestra lengua, dentro de un proyecto global para Asturias". Para ello plantea unas propuestas concretas entre las que se encuentran las que vienen enseguida:


  • Fomento de desenvolvimiento de la oficina de la Normalización del Uso de la Lengua Asturiana.
  • Elaboración de un estudio riguroso y científico de la toponimia tradicional en Asturias.
  • Elaboración de un plan de normalización que contemple el uso de la lengua para:
    • Folletos, dípticos, carteles, catálogos artísticos... donde se recoja información, publicidad institucional o anuncios de actos culturales, deportivos o festejos organizados por la administración.
    • Rotulación en todos los departamentos y servicios que dependen de las administraciones públicas. Bandos y edictos, anuncios oficiales en la prensa y otros medios.
    • Empleo en la escritura del nombre del Principado.
    • Campaña de explicación con las medidas normalizadoras y de sensibilización ciudadana con la lengua asturiana.
    • Cursos de lengua asturiana para funcionariado.
    • Asignación de una partida presupuestaria anual abundante para la realización de las propuestas anteriores.
    • Puntuación del conocimiento de la lengua asturiana en el acceso al empleo.
Foro Asturias

Las propuestas de Foro respecto de la lengua van fijadas en el capítulo de cultura de su programa electoral y se enmarcan en un apartado de patrimonio lingüístico donde se dice nítidamente que apoyarán "cuando se den las circunstancias políticas y el consenso social necesario que dejen la reforma de nuestro Estatuto de autonomía, el cambio de su artículo 4 para incluir la oficialidad, tal como se recoge en el artículo 3.2 de la Constitución española".

Asina Foro se pronuncia por la oficialidad pero deja en manos de las otras fuerzas la posibilidad de que esa oficialidad pueda declararse en el Estatuto, justamente lo que los candidatos de Podemos dicen en sus declaraciones públicas también.

Foro dice en su programa que "las lenguas autóctonas de Asturias constituyen una parte irrenunciable de nuestro patrimonio cultural, un factor sustancial de nuestra identidad como Comunidad Autónoma, pero también parte fundamental del patrimonio común de todos los españoles, que su preservación es es responsabilidad principal de los asturianos". Por todo ello en Foro dicen que van a "trabajar por un amplio consenso social y político en la defensa de las lenguas de Asturias, respetando la libertad y la voluntariedad de su uso sin imposiciones pero también sin torgas para los ciudadanos". Y al mismo tiempo dicen que van a "contribuir a la normalización lingüística en todas las esferas de la sociedad asturiana promoviendo la presencia de nuestras lenguas en la enseñanza, en la toponimia y en los medios de comunicación" y a "hacer cumplir las leyes y disposiciones de la Unión Europea en materia de defensa de derechos lingüísticos", desenvolviendo "reglamentariamente y de manera no restrictiva la ley de uso del asturiano y del gallego-asturiano".

Podemos o no

Las propuestas de Podemos son nítidas en su programa electoral, pero no concuerdan con las declaraciones resbaladizas de su candidato Emilio León y de otros candidatos que hablan todo el tiempo de consenso como Foro.

En el programa de Podemos se dice bien a las claras que "los hablantes de asturiano tienen los mismos derechos que cualquier persona hablante de otra lengua; por ello, tienen que reconocérles los mismos derechos lingüísticos, como el derecho a expresarse en asturiano". Y a causa de ello mantienen que "es necesario garantizar su presencia en los medios de comunicación, en las comunicaciones institucionales, en la toponimia, en la enseñanza, etcétera".

Además, Podemos defiende la Declaración Universal de los Derechos Humanos y, por tanto, "aspira a deshacerse de todas las discriminaciones, del tipo que sean. Que el marco jurídico constitucional dé al castellano el rango de lengua oficial, obliga a los territorios con lenguas propias a darles a estos un tratamiento equivalente para salvaguardar la no discriminación de sus hablantes".

En este sentido, su propuesta 188 plantea el "reconocimiento de los derechos lingüísticos de las personas hablantes de asturiano y, en su ámbito, de gallego-asturiano, a través de la promoción de la lengua a la categoría jurídica de cooficialidad por mediación de la reforma del Estatuto de Autonomía". Y con carácter inmediato, plantea el "desenvolvimiento pleno de los derechos lingüísticos de los hablantes de asturiano y, en su ámbito, de gallego-asturiano, en el marco estatutario y legal vigente, con especial atención a la Carta Europea de Lenguas Regionales y Minoritarias".

Podemos plantea también en el programa cosas que no se oyen en sus intervenciones públicas como desenvolver un Plan de Normalización Sociolingüística para la Ley de Uso y Promoción del asturiano y el gallego-asturiano y crear un marco global que apiñe todas las acciones sobre política lingüística que se impulsen desde una Acción de Gobierno.

También plantean la puesta en marcha de programas en lengua asturiana y gallego-asturiano en los medios de comunicación de titularidad pública, garantizando "el derecho de la ciudadanía a llegar a contenidos audiovisuales en su lengua. De esta manera, los medios de comunicación van a contribuir a la equiparación de todas las lenguas de Asturias en el espacio público, asegurando la dignificación de sus hablantes".